quinta-feira, 16 de julho de 2015

[Mesmo tempo, mesmo lugar] O Buffyverse e The Strain: “O mesmo Amor infectará os nossos corações, mesmo que eles já não batam mais”




“Veja, o Amor....é a única força que não pode ser explicada, não pode ser quebrada com um processo químico. Quando encontramos o Amor não importa o quanto errado, o quanto triste ou horrível ele seja, nos apegamos a ele. Ele se alimenta de nós e nós nos alimentamos dele” 
- The Strain, episódio 01


Amigos caçadores, como sempre estamos celebrando o Amor, então nos lembremos de momentos importantes dentro da TV. Um desses momentos é a série de terror/drama The Strain, baseada na Trilogia de Livros do premiado diretor Guilhermo Del Toro e Chuck Hogan, seu produtor executivo. 

Composta por 13 episódios em sua primeira temporada, tendo estreado a segunda em 12 de Julho, The Strain tornou-se uma das séries mais vistas do ano e é transmitida no Brasil pelo canal FX. A série traz um jeito diferente de contar a famosa mitologia vampiresca. Del Toro e Hogan baseiam-se numa teoria mais biológica para explicar o surgimento dos vampiros. 



Um grupo de pessoas tem sua vida revirada da noite para o dia após a aterrisagem de um avião vindo de Berlim trazendo um misterioso caixão. Esse é o início de um verdadeiro Apocalipse vampírico quando a disseminação da infecção começam a atacar os habitantes de Nova Iorque. 

A ameaça é eminente e os humanos são infectados por um estranho parasita que se alimenta de sangue humano. O tal parasita é uma espécie de verme (tradução dublada), mais descrito como um patógeno. A reprodução do mesmo se dá ainda no interior do corpo humano fazendo com que aos poucos, a pessoa infectada vá convalescendo de uma misteriosa enfermidade, que entre outras coisas traz olhos vermelhos e queda de cabelo. Contudo, essa metamorfose é mais enfática no interior, mudando para algo que chamamos de “Uma nova Anatomia humana”. "Uma espécie de mecanismo parasitário que reescreve a Biologia humana.  Que se reproduz e consome seu hospedeiro", como conclui um dos médicos durante uma autópsia. 


Todos os órgãos humanos conhecidos são convertidos numa série de ramificações feitas para dar impulso a que descobriram ser um “ferrão”, responsável por espalhar o parasita de um humano para outro. 

Esta metamorfose torna as pessoas mais fortes como um vampiro comum, só que com o atenuante da brusca mudança de aparência que traz consigo uma extensa língua gosmenta. Então torna-se praticamente impossível não detectar uma pessoa infectada no meio da rua, por exemplo. Bem diferente da conhecida "casca" humana que temos conhecimento. 

O processo de disseminação do Mal de The Strain: A infecção,
o Monstro que surge; a contaminação e a mudança física

Ainda bem que existe algumas maneiras para deter estes seres repugnantes que representam o universo vampírico. Estas maneiras são bem parecidos com a maneira de exterminar nossos vampiros conhecidos. Decapitação é o modo mais usado pelos combatentes, ou atingi-los através do cérebro. Armas feitas de prata puríssima, assim como balas também são maneiras eficazes. Estacas de madeira estão fora dessa lista e foram aposentadas por enquanto por este grupo liderados pelo veterano caçador, o Professor Abraham Setrakian (David Bradley) e o médico Dr. Ephraim Goodweather (Corey Stoll). O Sobrenatural se unindo a Ciência, sintetizando a boa tônica da série. Neste caso, infelizmente nossa Buffy teria poucas chances de se juntar à equipe...

Quanto a incineração pela Luz Solar é explicada dentro da própria série que o parasita alojado no corpo humano não consegue sobreviver ao calor emanado pelo Sol como qualquer outro patógeno. Interessante esta teoria fisiológica, não é mesmo? 

Se formos voltar para o sobrenatural, podemos pensar que o Demônio contido no corpo humano dos vampiros do Buffyverse, também seria um tipo de parasita. Ele se apossa do corpo da pessoa quando esta morre, fica adormecido por um certo tempo, até enfim, despertar como um Ser completamente sem controle de todos os seus sentidos e vontades. A pessoa dantes ali não existe mais. Está morta. É o mesmo que ocorre com um infectado de Strain. O parasita mata toda a Anatomia humana anterior, criando uma nova quase sem nenhum vestígio de quem fora antes. 

Infectados de The Strain e "infectados" do Buffyverse:
vítimas da ciência e do sobrenatural


Outro detalhe interessante de todo este processo de “vampirização biológica” vem acerca do Amor. Segundo a Mitologia da série de Del Toro, este impressionante sentimento é que nos dá graça ao mesmo tempo que nos leva à ruína. Uma frase que encerra o grandioso primeiro episódio da série, numa cena em que uma garotinha (Emma Arnot) infectada retorna a casa de seu Pai (Gary Arnot) que atormentado pela dor, nem percebe que seu Anjo voltou diferente para seus braços. Com o decorrer da trama, percebemos que este será o contexto usado para disseminar a infecção, uma vez que os infectados inicialmente retornam ás suas respectivas famílias, pessoas com quem tem um forte elo e como uma força poderosa de destruição se tornam suas primeiras vítimas. É uma forma interessante de se começar um Apocalipse Vampírico. Através do Amor, que muitos poetas classificam como algo lindo e precioso como combustível. 

Emma retornando para seu pai amoroso:
o Amor o fez baixar a guarda

No entanto The Strain não pinta o Amor da mesma maneira que esses poetas. E podemos dizer que o nosso Buffyverse também não. Embora seja recheado de casais adoráveis e momentos inesquecíveis (momentos românticos do Buffyverse), o Amor pautado aqui por vezes levou muitos personagens à ruína. 

Em The Prodigal, episódio 15 da primeira temporada de ANGEL, vimos como Darla transformou o bêbado Liam em Angelus, a face do Mal no rosto de um Anjo. Num valoroso flashback, a vampira aplaude os feitos de seu recém transformado Demônio, que praticamente dizima sua própria Aldeia até chegar ao cerne de toda a sua questão existencial. Sua família, mais precisamente seu Pai com quem não tinha um bom convívio. 

Liam e seu pai: relacionamento complicado

Ao ficar face a face com seu progenitor, Liam não economiza no ressentimento que sempre teve dele. A vontade de derrotá-lo era maior que qualquer coisa. E assim o fez. 


Porém a vitória de Liam sobre seu pai foi momentânea, como bem explicou Darla, que faz uso com propriedade da palavra "infectar", falando de um modo sobrenatural lembrando o termo científico. 

Segundo Darla, Liam nunca poderá vencer seu pai aqui ou em outro mundo, pois o amava o suficiente para saciar seu desejo com um sentimento tão vil como a vingança. Afinal, o jovem Liam só queria a aceitação, aprovação de seu Pai, que a seus olhos, era a pessoa mais importante de sua vida. Nunca houve ódio puro e simples entre eles. Ao contrário, tudo fora obra do Amor. 

O mesmo Amor que levou sua irmã Kathy a convidá-lo para entrar em sua própria casa quando a menina acreditou que seu irmão teria voltado dos mortos como um Anjo para ela. O mesmo Amor que o Pai da pequena Emma sentiu quando sua filha retornou ao Lar. 



Em BTVS, a própria caçadora foi vítima também do Amor quando se entregou a Angel sem saber que ele perderia sua alma e se tornaria o maléfico vampiro que pôs fim à sua própria família na Irlanda. Como acompanhamos na segunda temporada, Buffy foi incapaz de destruir Angelus, e curiosamente só o fez no final quando este recuperou sua alma em Becoming. Em Lies My Parents Told Me da sétima temporada, o Amor levou Spike a transformar sua mãe, ignorando os avisos de Drusilla, que categoricamente afirmou que “família só servia para comida. Jamais poderia ser transformada, pois eles saberiam como destruí-los”. O resultado foi um trauma tão grande que depois virou um gatilho no cérebro do vampiro usado pelo Primeiro para ferir pessoas. 

O Amor de Buffy por Angel acarretando sofrimento à caçadora
enquanto Spike enfrenta as consequências de seu ato

Gandhi já nos mostrou que o Amor é a força mais poderosa do mundo e disso temos a mais absoluta certeza. Contudo, o que tanto The Strain quanto o Buffyverse nos ensinou e que nos resta aceitar é que nem sempre toda essa força quer dizer algo que nos deixa forte. Por algumas vezes, o Amor representa a nossa maior fraqueza enquanto seres humanos, pronta para ser explorada por forças nocivas a nossa humanidade. Por isso é essencial que mais do que nunca saibamos nos equilibrar nesta eterna gangorra de ações e sentimentos. É isso que nos dá força, nos faz viver, mesmo aqueles que já se mostram mortos para este tipo de emoção. 

4 comentários:

  1. É interessante quando uma produção que tematiza sobre alguma criatura no seu enredo, consegue explorar plenamente essa questão da metarmorfose, do processo gradativo de transformação... E me parece que essa serie The Strain, está cumprindo bem essa função.

    Alguns aspectos dos infectados de Strain, ter algumas semelhanças com os dos vampiros do Buffyverse, e parece que o sol (sempre ele) é um dos destaques dentre os recursos de contra-ataque à essas criaturas,

    E voltando ao Buffyverse, é incrível como o Amor consegue intervir nas ações de uma criatura da noite, uma vez que ela ao se tornar um ser vampirizado(a), deixou ter a humanidade de quando tinha uma alma!

    Analogia de series bem destacada, minha nobre Buffy!

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    1. Obrigada William!

      E vc lembrou bem, essa questão de não carregar nada de quem a pessoa era, mas ao mesmo tempo conservar algo dentro de si quando vampiro, pra mim sempre foi um pouco complexa sim. Não há um termo definitivo para isso na minha opinião. Me lembro que Angel disse no episódio em que Willow reencontra seu eu vampírico, que alguma coisa eles carregam para a "outra vida". Muito interessante estas analogias mesmo.

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  2. Poxa Flavia, nem imaginava q poderia ter essas semelhanças dos vampiros de buffy com esses monstros do seriado the strain. E sobre essa questao do amor acho queé um poder que esta acima até do mal que esses vampiros, pois eles são monstros que sentem um pouco tbm da vontade de amar rsrs

    Parabens querida! ^^

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    1. Verdade Helen. Esta é uma questão interessante pra mim, pois Spike por exemplo, foi capaz de amar Buffy mesmo não tendo uma alma.....Interessante isso. Não sei se foi por conta do chip, mas ele começou a nutrir algo por ela sim.

      O Amor é tão complexo, que nunca consigo chegar a uma definição certa, acertada. Cada um, ou cada Ser sente de maneiras diferentes, mas nunca deixa de ser Amor né?

      Valeu mais uma vez pelo seu comentário

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