[A Escolhida] “Isto aqui é o Inferno?”

“Tudo parece tão bonito, puro e límpido. Até o ar está mais leve, se pudesse sentir algum aroma seria agradável com certeza. Não há mais tristeza, dor, choro. Só a nítida sensação de estar vivendo um sonho que parece tão real que agora sinto medo de acordar. É, acho que estou no paraí......espere! pra onde estou indo?

Meu Deus! Que lugar é esse? Estou sufocada. Tento gritar por socorro, mas a voz não consegue sair...o choque ainda é muito grande. Tudo bem, respira, respira....Eu estou respirando? Sério? Bem, esquece, agora é hora de agir e não falar....Seja lá onde for este lugar, eu quero sair!

Consegui!!! Mas está tudo tão escuro, o ar que agora respiro parece pesado....Meu Deus! O que está acontecendo? Me sinto fraca e totalmente perdida.....é meu nome gravado naquele túmulo? Essa não! Preciso sair daqui.

Logo chego a um lugar todo destruído por chamas em carros e casas e a rua infestada por demônios que vagueiam de um lado para outro. Será este o Inferno? 

Preciso de uma Luz, algo para me apoiar e de repente um carro em que estava apoiada emite um som agudo e bem forte que faz minha cabeça explodir ainda mais. Um homem hostil sai de algum lugar em meio a uma visão nebulosa e me ameaça com algo nas mãos. Corri pra bem longe daquele Senhor.

Ainda vagando sem entender absolutamente nada e pedindo do fundo de meus pensamentos para acordar deste pesadelo, avisto mais Demônios e alguém que parece humano no centro com eles. Mas espera aí...este rosto me parece familiar e chamou pelo meu nome. Chamando também a atenção dos Demônios antes de ser cruelmente desmantelada. Agora que eles me viram, era hora de correr novamente.

Corri o mais rápido que pude conseguindo me desvencilhar do bando, de menos um insistente. Pulei uma cerca com toda a minha agilidade e quando fui ao chão, me deparei com outro grupo, só que de humanos, ou seres que pareciam ser, afinal, não sei mais o que pensar. O que parecia rapaz mexia demasiadamente com a boca, proferindo algumas palavras sobre um tal robô enquanto a ruiva com uma besta na mão ficava me encarando, até que pronunciou o meu nome. 

Meu instinto pediu pra correr novamente, mas fiquei encurralada e me abaixei já desesperada como um animal pequeno e enjaulado. Minhas mãos sangravam tanto que chamou a atenção deles. O rapaz e a garota loira de sorriso sarcástico tentaram me indagar coisas que não compreendia até que o bando de Demônios que me perseguia enfim, me encontrou. 

O grupo de humanos parecia tentar lutar com o bando de Demônios, mas estavam levando a pior. Foi quando decidi me levantar e encarar o líder do Bando. Ele me deu um tapa tão violento no rosto que fez ferver meu sangue do corpo todo e da boca. E quando revidei, começou uma batalha entre eu, eles e os humanos. Apanhei muito é verdade, mas no fim, meus conhecidos poderes de caça-vampiros, fizeram a diferença. Ok, posso acordar agora e tentar tirar este gosto de sangue da minha boca? Não, não é aqui que encontrarei as respostas que preciso.

Algo dentro de mim me chamou para um lugar específico. Embora mais um Demônio tenha tentado me impedir de ir até lá, eu não recuei. Era um lugar onde ficava uma Torre que parece ter sido construída por gente maluca. Subi ao topo com muita dificuldade, e quando estava lá em cima, as coisas ficaram mais claras pra mim ao me lembrar da grande Luz branca ali presente e eu deixando minha irmã para mergulhar ali dentro. Sim, agora tudo faz sentido. Não foi um sonho e nem era um pesadelo....eu estava morta!

Por alguma razão, repetia as mesmas palavras que disse na época, tudo parecia igual, até mesmo minha irmã estava presente naquele local. Ela parecia feliz em me ver, mas eu não. Queria sair daquele lugar cambaleante o mais rápido possível, acordar desse pesadelo, não sei mais. Só sei que queria sair dali definitivamente, mesmo com os apelos de minha irmã para que eu caminhasse em direção a ela e não pulasse novamente. 

Enquanto a Torre cambaleava, eu perguntei a ela se ali era o Inferno, pois se eu morri, só poderia estar em algum lugar fora do mundo real. Minha irmã dizia que não, que não sabia o que tinha se passado comigo, mas que não importava mais, afinal, estávamos juntas novamente. Porém eu só queria saber o porquê de antes tudo estar tão claro e agora nebuloso. Ela me pedia desculpas por algo que nem consegui ouvir, apenas fechei os olhos e desejei só abri-los quando estivesse naquele lugar puro e límpido, de ar fresco com aroma tão sutil e acolhedor de antes. Um barulho estridente de algo de metal caindo chamou minha atenção e corri agora para salvar Dawn, minha irmã. 

Tentávamos descer da Torre, mas como não daria tempo tive a ideia de escapar por um cabo que se prendia a uma roda. Não era nada confiável, mas naquela altura, não havia outro jeito. Foi quando começamos a cair em grande velocidade e de repente, algo se prendeu na roda e ficamos suspensas no ar por alguns instantes até ela se partir. Caímos a tempo suficiente de nos desvencilhar de outros destroços. Em Terra firme, Dawn parecia emocionada e num forte abraço agradeceu por eu estar viva. Mas eu...bem....eu não sabia como e nem onde estava.....