[Análise] Spike, Anya e Illyria: Bem-vindos a um novo mundo

Por Buffy ``Flávia´´ Summers

Amigos Caçadores, todos sabemos que William - o sanguinário foi um vampiro que ajudou a perpetuar a morte e o caos pela Europa. Quando ganhou um apelido peculiar de acordo com as técnicas de tortura em suas vítimas, virou Spike (estaca de ferro que utilizava para crucificar suas vítimas nas ferrovias). Bem apropriado, não? 

A maldade sempre esteve presente no Ser da noite sem alma e Spike é de longe o vampiro que mais se divertia com a condição de usufruir da imortalidade. Com tanto tempo de existência foi inevitável se deparar com a época do progresso tecnológico. Um bem para a humanidade, que pra ele se tornou um ônus considerável. 

Este progresso em questão atendia pelo nome de A Iniciativa, que como uma Organização do Governo tinha a seu dispor muitos recursos para a missão de erradicar o Mal pelo mundo. A captura dos STH (Sub-Terrestres Hostis) era a missão, que posteriormente, usava estes seres como objetos de estudo e aperfeiçoamento de suas técnicas. Ou seja, conhecer o inimigo para combatê-los com sucesso. 

A captura de vampiros por exemplo, era uma das melhores técnicas da Organização, pois neste caso, um implante de uma espécie de Chip no córtex cerebral, impedia que usassem seu maior talento: matar. Caso algum incauto insistisse, o implante lhe causava uma intensa dor neurológica. Spike foi um destes Hostis (mais precisamente o 17). 

Antes o vampiro street fighter era livre pra fazer o que quisesse, e com isso foi domesticado como um "cãozinho incapaz de fazer mal a uma mosca", como ele mesmo define em Pangs. Com isso, uma nova realidade bateu às portas. Sem ataque, não tem comida, sem comida, foi obrigado a "vender" seus serviços a Scoobygang. A aproximação com os humanos da turma aos poucos fez fluir outros tipos de sentimentos no vampiro. A afeição por Dawn e o Amor/obsessão por Buffy. Em consequência, ele teve a chance de recuperar sua alma e com ela, no fim, tornou-se o grande Herói de Chosen, fechando a Boca do Inferno. 

Na classe dos Demônios, fomos apresentados a Anya ainda na terceira temporada como uma estudante comum do Colégio Sunnydale que ali estava para "ajudar" Cordelia a se vingar de Xander. Quando a patricinha desejou que a vida em Sunnydale fosse diferente sem Buffy, tudo virou um caos, bem ao estilo Anyanka, o Demônio da Vingança. E tudo continuaria assim se Giles não tivesse destruído sua fonte de poder, diminuindo não só o seu nome, mas a inserindo numa nova realidade. 

Anya Christina Emmanuela Jenkins passou a frequentar o Colégio e aos poucos, esta humanidade foi anulando suas lembranças de Demônio reforçada com o envolvimento amoroso com Xander. 

De personalidade forte e temperamental, Anya se viu obrigada a fazer parte do mundo de Xander e mesmo um pouco contrariada, acatava as ordens de Giles e Buffy e "sendo boazinha" com Willow, embora ainda guardasse um pouco da ironia ácida na época de Demônio. 

A convivência também a transformou, fazendo-a tomar atitudes antes impensáveis como de desistir de fugir de um Apocalipse admirando a força dos humanos em continuar lutando como a mesma diz a Andrew em End of Days. Anya lutou pela humanidade que aprendeu a amar e o resultado foi uma das mortes mais sentidas no Buffyverse. 

Enfim chegamos a Illyria de ANGEL que adentrou em nosso mundo sem nenhuma cerimônia depois de se apossar do corpo da querida Fred. Illyria é um dos Demônios originais que habitavam a Terra antes dos humanos. Uma Monarca Guerreira, e como tal, adorava incitar grandes batalhas. Sua força era descomunal. A Conquista de territórios lhe dava súditos e deixava um mundo a seus pés. 

No entanto, um dia foi vencida e trancafiada num Sarcófago de onde nunca deveria sair por toda a eternidade. Quando viu que o mundo de agora era governado pelos homens, surgiu toda pomposa na Wolfram & Hart. Um Portal dimensional foi aberto e ela enfim, poderia acordar seu Grande Exército da Perdição. Porém tamanha foi sua decepção quando viu que tudo passou durante milênios e seu mundo havia virado pó literalmente. 

Quando perguntada a Wesley por que ainda estava ali, ela não soube responder, perdida neste novo território. Era ainda mais antiga que Anyanka, portanto devia ser bem mais difícil se adaptar correto? Não. Então ela exige que Wesley a ajude. O trato é feito, sendo que a ela caberia mudar seus modos, como não matar. 

O interessante de sua história, foi a participação de Spike em sua decisão final. Com sua experiência de vivência, sobrevivência e convivência no mundo, o vampiro, agora com alma, instiga para ela o momento crucial do que fazer agora? Perambular sem rumo pelos corredores da Firma ou usar os dons que tem para ajudar aqueles com quem criou um elo neste novo mundo? 

Assim Illyria passou a integrar a Fangang, sendo um dos mais requisitados guerreiros de Angel contra os Sócios Majoritários na batalha final. 

A questão da adaptação no Buffyverse foi sempre muito bem explorada pelo autor e seus roteiristas. São personagens que mesmo não nascendo humanos, ou passando a esquecer a humanidade que tinham durante um tempo, tende a recorrer a uma das mais importantes lições do Universo de Whedon: a transformação e no melhor dos casos, evolução para algo mais positivo, ou seja, usar seus dons em prol de algo que possa valer a pena viver/existir no mundo dos homens, do qual involuntariamente são obrigados a fazer parte. 

A família Buffy agradece e acolhe a todos de bom grado, sempre bem-vindos a este novo mundo. O mundo dos Heróis inesquecíveis do Buffyverse.