“Deixe-os decidir sozinhos”
- Clarke Griffin
A frase imperativa acima foi proferida pela Heroína da série de ficção científica que é um sucesso hoje entre o público jovem.
The 100 é baseada em um livro homônimo de Kass Morgan, e desenvolvida na Tv por Jason Rothenberg.
A série se passa 97 anos após uma guerra nuclear devastadora que dizimou quase toda a vida na Terra. Os sobreviventes conhecidos são os moradores de doze estações espaciais em órbita da Terra, que compõe o que se chama A Arca, representando 12 Nações (Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Brasil, Canadá, China, Japão, Índia, Rússia, Venezuela, França e Uganda).
Depois dos sistemas de suporte de vida da Arca começar a falhar, 100 prisioneiros juvenis são declarados dispensáveis. Os "escolhidos" são enviados para a superfície em uma última tentativa de determinar se a Terra é habitável novamente. Mas ao aterrissarem, descobrem que nem toda a humanidade foi exterminada.
Algumas pessoas na Terra, chamados de "Terrestres", sobreviveram à guerra, e ainda há mais perigos à espreita - Ceifadores (terrestres que se tornaram canibais) e "Os Homens da Montanha", que vivem na base onde os jovens deveriam ter aterrissado (Mount Weather).
A Heroína Clarke diante de um mundo sem Paz |
Mesmo diante de toda a descrença “série adolescente de ficção científica? Blah!”, ela conseguiu se sustentar em 3 ótimas temporadas, tornando-se um fenômeno entre o público alvo. Entre os protagonistas está a jovem destemida Clarke (Eliza Taylor), que naturalmente ganha o status de Líder dos Sky People (ou Povo do Céu). Mas todo Poder exige suas responsabilidades, e constantemente Clarke se vê diante de escolhas que podem definir o seu futuro e dos outros humanos, os quais tenta proteger e ao mesmo tempo depositar suas esperanças.
A Paz é algo tão bonito quanto teimosamente frágil dentro da série. Desde a primeira temporada, conflitos de Ideologias, Guerra de Poder e Diplomacias Políticas são travadas com muito sangue e sacrifícios. Como um Povo tem Tradição distinta do outro, as divergências se tornam presentes. Até entender que todos fazem parte de um único Povo, muito sangue é derramado por conta de decisões tomadas. Algumas corretas e outras nem tanto.
Clarke e Lexa: Líderes de Povos conflituosos em uma difícil posição |
Assim como o Buffyverse, The 100 é uma obra voltada aos jovens. Mas só aqueles que realmente entendem todo o contexto de um mundo em Guerra que anseia pela Paz, conseguem enxergar o quadro todo e aproveitar as lições que cada uma dessas obras lhes traz.
Na última metade da terceira temporada entra em cena uma espécie de Inteligência Artificial, chamada A.L.I.E, que passa a tomar para si o controle da mente de todos os humanos enviando-os para a chamada Cidade da Luz, construída para ser o porto-seguro de todos. Sem Dor, sem sofrimento, sem Guerra. Enfim, a Paz entre todos que Clarke tanto deseja, porém....
Para conseguir este belo objetivo, A.L.I.E recruta um humano como "General" e este atua como uma espécie de condutor até ela. Primeiro o "ataque" se faz de forma verbal, depois ele entrega aos convertidos chips para inserir voluntariamente em um momento vulnerável de cada um. Cansados de tanta Luta, conflito e Dor, muitos se deixaram levar por este artifício.
Mas engana-se quem pode estar pensando que este método é o melhor para a raça humana, pois outra situação controversa se desenha com isso. O tal chip tira todas as suas emoções conflituosas, permanecendo todos sob judicie de uma fórmula “eficaz” até certo ponto. E é aí que Clarke precisa agir, afinal, ela acredita profundamente na humanidade e não pode aceitar que lhes tirem algo que os define.
Clarke vs. A.L.I.E |
A.L.I.E foi criada por uma cientista espacial como uma alternativa de sobrevivência da raça humana, a qual culpou pela devastação anterior. Mas ao perceber seu erro, a criadora lhe pede desculpas por não ter “ensinado” a respeitar o direito de escolha dos humanos.
A história de A.L.I.E nos conduz até Jasmine, a Deusa Antiga que queria ver todos os humanos coexistindo na mais perfeita Paz. A chegada de Jasmine ao mundo fez com que todos os humanos esquecessem tudo que os definia, apenas em estado de plena adoração a Deusa recém-chegada, a qual acreditaram que iria erradicar todo o Mal e sofrimento.
Depois de recuperar a razão, Angel entende que Jasmine só queria subjugar os humanos a seus próprios interesses. Ele mesmo sabia o que isso significava, pois quanto mais caminhava nos dois lados, mais notava que eram semelhantes a olhos menos apurados.
Em The 100, Clarke também já havia passado por poucas e boas, cometidos erros e sofrendo vários golpes ao longo da série. Quando ficou frente a frente com A.L.I.E, ela se negou a fugir de sua dor, mesmo deixando no ar uma inquietação sobre o futuro dos humanos na Terra, novamente ameaçados de extinção. Clarke sabia que sua trajetória incerta estava apenas começando.
Já para Angel o caminho já estava diante dele. Para tornar-se “um de nós” haveria muita luta e sacrifício.
A.L.I.E protelando antes do fim |
Por essas razões, tanto A.L.I.E. quanto Jasmine são mesmo figuras contraditórias. Ambas demonstraram um objetivo em comum. Tirar da humanidade sua própria humanidade a custo de uma Paz sem Voz.
Derrotada, Jasmine lamenta |
Um dos elementos que tornam o Buffyverse extraordinário é justamente as consequências para o Bem ou para o Mal das escolhas de seus personagens. Muitos usaram e alguns abusaram desse direito.
Em Choices (em português Escolhas) no momento decisivo da terceira temporada de Btvs, Willow optou em não seguir para uma Faculdade de prestígio a fim de ajudar Buffy na luta contra o Mal. “Aqui estou eu podendo fazer o que quiser. Ir pra qualquer Universidade do país ou da Europa, mas não irei a lugar algum”.
Mesmo feliz, Buffy não queria deixar que ela jogasse seu futuro fora e foi aí que Willow matou toda a questão. “Das duas pessoas aqui, quem manda em mim?”, e assim se desenhou um dos momentos mais espetaculares da série.
Buffy e Willow em um papo definitivo sobre escolhas |
Em Birthday, no momento decisivo da terceira temporada de ANGEL, Cordelia optou em não aceitar Fama e Sucesso para servir ao que acreditava ser os Poderes que Valem tornando-se involuntariamente o estopim para a entrada de Jasmine no mundo. Skipp não a obrigou a esta decisão. A força da “Escolhida” consistia em acreditar nela.
Cada palavra, cada gesto, cada ação dos personagens de The 100 faz eclodir algum momento decisivo em suas trajetórias, assim como no Buffyverse, que encantou tantos e tantos fãs, que também escolhem qual personagem desse maravilhoso universo aceita com seus bônus e ônus como modelos de admiração e vivência.
São escolhas, às vezes paradoxais. Mas ainda assim, escolhas.