Amigos Caçadores, o Oscar, a maior premiação do cinema está chegando. E nós do The Slayers, para não ficarmos de fora da festa mais badalada de Hollywood, resolvemos dissecar tudo que envolveu o momento cinematográfico do Buffyverse. O filme de 1992.
Foi no verão desse ano que os Estúdios Fox resolveram apostar na ideia de um roteirista novato que daria muito o que falar hoje. Joss Whedon criou uma típica adolescente americana dotada de poderes especiais com a missão de salvar o mundo das forças do Mal. Ela era chamada a Caçadora, aquela que deveria cumprir seu destino até a Morte e outra assumir o seu posto, afinal, em cada geração há uma Escolhida e quando ela morre, outra é chamada para seu lugar.
A sinopse de Buffy – O Filme chamou a atenção dos produtores, que apostou nisso para os jovens da época. No entanto, toda essa empolgação não se remeteu para seu criador, que viu sua obra decair para uma abordagem insípida, sem graça e totalmente trash. Em outras palavras, não houve o capricho necessário para se realizar tudo que Whedon pensou anteriormente. Não por culpa da atriz protagonista. Os problemas foram outros, bem outros.
Para qualquer fã de Buffy The Vampire Slayer obstinado, Sarah Michelle Gellar é a Buffy. Ela encarna plenamente esse papel, até o ponto onde é difícil vê-la em qualquer outra coisa (especialmente filmes de terror) sem ver Buffy (e sendo decepcionado quando ela é inevitavelmente uma personagem menos interessante). É ainda mais estranho para ver Buffy quando ela está sendo vivida por outra pessoa. Mas não podemos deixar de exaltar os esforços da bela Kristy Swanson, que entregou uma personagem fiel ao que foi proposto.
Aqui vemos uma Buffy um pouco sonsa de início, apenas preocupada com festas, namoros e amizades superficiais com patricinhas do Colégio. Costumo dizer que a Buffy daqui é bem parecida com a Cordelia do início da série. Aliás, na própria série vimos o deslumbre da Buffy de Swason, quando em flashback, Angel se recorda da primeira vez que viu Buffy nas escadarias do Colégio cercada por garotas fúteis e cheia de conversas fúteis também. O pirulito na boca foi apenas um ornamento bem apropriado.
Voltando ao filme....Ele está longe de ser perfeito, mas tem o bônus de ser sim a história original o que o mantém justo aos fãs. Qualquer pessoa que espera um filme de terror sairá muito desapontada, pois há realmente poucas coisas para se assustar. Foi justamente por causa da classificação de gênero, que Buffy, a série, foi apontada como terror teen. Mas se você estiver com disposição para uma comédia leve, com um final feliz, você encontrará muito para desfrutar. Apenas terá que bloquear todos os pensamentos da série de TV, o que acaba sendo difícil mesmo pra quem fez a rota anti-horária, ou seja, que assistiu primeiro a série e depois o filme.
Buffy é uma garota estereotipada: Líder da torcida do Hemery High School, fala gíria, aparece mascando chiclete, e ela não se preocupa com nada, exceto roupas e rapazes. Tudo o que ela quer fazer na vida é "formar no ensino médio, mudar para a Europa, casar-se com Christian Slater (O Robert Pattinson da época), e morrer."
Quando é abordada por um homem velho no Elevador do Shopping, foge. Mas aquele velho assustador é Merrick (Donald Sutherland), que seria seu Sentinela. Assim como Giles na Biblioteca do Sunnydale High, sua abordagem não é muito sutil e em cima da hora - os vampiros estão prestes a atacar, e Buffy não foi treinada para lutar contra eles.
Merrick diz que treina as Caçadoras a um bom tempo, e não temos muito aprofundamento a despeito do Conselho de Sentinelas e seus métodos. Só sabemos por aqui é que o Sentinela é tão substituível quanto a Caçadora. Se Merrick mostrou-se tão velho para o Cargo, deve ter sido também Sentinela de outras Caçadoras, que pareciam ter o mesmo rosto. O da atual.
Enquanto na série, a polivalência de Caçadoras foi um mote interessante (havia americanas, coreanas e chinesas. A Primeira Caçadora era africana), no filme o esteriótipo prevaleceu.
Com ou sem esteriótipo, ela devia combater os vampiros, que além de ter uma caracterização física diferente dos vampiros da série, não carregam todo o mote perverso dos vampiros de Sunnydale. A Mitologia de que um Demônio se apossa de seu corpo após a Morte, passou longe daqui, afinal, todos carregam para si as características pessoais de quando jovens vivos. Pelo menos jovens do filme: tolos e inconsequentes.
Toda essa “ameaça”, é comandada por um vampiro antigo de nome Lothos (Rutger Hauer), e é dever de cada Caçadora lutar com ele. E, normalmente, Lothos ganha.
Isso lembra o enredo de A garota da Profecia em que Buffy seria morta pelo Mestre. Mas como nota pessoal acho o Mestre bem melhor construído e mais interessante que um vilão bobo que toca violino e ri desvairadamente quando ameaça matar.....
Na realidade, Lothos foi tão patético quanto seu braço direito que nem braço teve mais no fim das contas.
Pra um antagonista tão fraco assim, não precisava nem de uma Buffy em sua melhor forma. Ainda assim, ela foi diferente de todas antes dela, e embora possa ser o seu destino lutar e ser morta, ela não vê qualquer razão para aceitar isso. Ela não foi treinada desde o nascimento até encontrar o seu destino; ela não aceita as regras que Merrick tenta impor sobre ela, o que às vezes significa vestir, fazer compras, em vez de aprimorar suas habilidades de faca. Outro ponto em comum com a Buffy de Gellar.
Uma cena que fica evidente o resgate da relação Caçadora e Sentinela é quando Buffy questiona o papel de Merrick na história. Assim como Buffy em Profecy girl acusou Giles de "não fazer nada além de se esconder atrás de livros".
Romance? Teve sim, por que não? Enquanto os fãs se digladiam por Bangel e Spuffy, aqui não há drama. As novas atividades noturnas de Buffy a faz negligenciar seu namorado mauricinho do time de futebol e seus amigos, e como ela aprende que há mais vida do que o cabelo perfeito, logo encontra-se como uma pária social para suas amigas, que nunca foram suas amigas de verdade. Felizmente, porém, ela consegue um novo interesse amoroso ao longo do caminho, sob a forma de perdedor mecânico Pike, vivido por Luke Perry, galã da mítica Barrados no Baile.
Aliás este é um caso que nos chama atenção também. Reza a lenda que Whedon teria inspirado o nosso vampiro Spike nos trejeitos do personagem de Perry, incluindo o jeitão motoqueiro e o cabelo. Dá pra notar uma certa semelhança né?
A diferença é que enquanto Pike é o Amor de Buffy no filme, Spike teve várias conotações na série, e nenhuma delas, foi o que representou ser seu grande Amor.
Na verdade, o filme nunca realmente viveu a visão de seu criador. Whedon falou como a versão cinematográfica de Buffy não chegou a capturar a personagem que ele queria criar, mesmo com os esforços de Kristy. Em uma entrevista de 2001, com a Dark Horse Comics, ele disse: "Eu me senti como - bem, isso não é bem dela. É um começo, mas não é bem a garota. "
Talvez parte da razão pela qual o filme Buffy é tão detestado entre os fãs da série de TV é porque Whedon foi tão aberto sobre seus problemas com ele - é fácil sentir-se irritado em seu nome, ou para desejar o filme tinha saído do jeito que ele queria. Embora ele tenha escrito o filme, que foi dirigido por Fran Rubel Kuzui, que claramente tinha ideias muito diferentes sobre deveria ser. Muitos dos elementos mais escuros do script foram removidos - o final deveria ser mais dramático, terminando com Buffy queimando ginásio da escola para matar todos os vampiros trancados dentro, o que nunca acontece no filme, apesar de ser regularmente referenciado na série de TV como ponto de discórdia entre Buffy e Joyce.
A Joyce daqui é apenas conhecida como "a Mãe", que ainda vive com o Pai de Buffy e parece no mundo da lua como a filha anteriormente.
E enquanto Whedon pode ver um filme que não conseguiu fazer jus ao filme que queria fazer, o que temos é um pouco de comédia de horror bastante decente, cheio de momentos de absurdamente brilhantes, como Buffy rindo de uma piada de Merrick.
E não faz muito sentido que o personagem de Paul Reubens leve várias horas para morrer depois de ser atingido por Buffy.
Também é divertido de observar mais de perto atores que acabariam por se tornar astros hollywoodianos. Hillary Swank, duas vezes vencedora do Oscar (1999 e 2005), viveu a amiga burra de Buffy, enquanto Ben Afleck dos filmes Demolidor e Argo, vencedor do Oscar de 2012, fez uma figuração como um jogador de basquete na quadra de Hemery.
Eu assisti ao filme algumas vezes ao longo dos anos antes da série. E acreditem. ficava tensa com tudo até chegar ao final. na época não tinha mesmo visão crítica, né? Porém, foi o filme que me impulsionou a assistir a série ainda em 1997 nas tardes da Globo. Sua importância para o público como eu é inegável, mesmo que cheio de furos e não sendo algo tão digno do que esperava Whedon.
Ele queria algo que tocasse mais fundo ao público alvo, mas foi apenas diversão. Contudo, qual foi o filme de super-herói produzido no início da década de 90 poderia honestamente ser considerado um clássico? Entre mortos e mortos-vivos e feridos, salvaram-se todos e para nosso Bem, a ideia não morreu. E o final dessa ideia, já sabemos......
Última nota: falando em filmes, nossa Sarah Michelle Gellar irá reprisar o papel em Segundas Intenções, nova versão. Ao que consta, ela será uma vilã mais madura, estilo femme fatalle para seduzir um jovem. Aguardemos o desenrolar de mais este capítulo de sua carreira. Boa sorte pra ela!
Última nota: falando em filmes, nossa Sarah Michelle Gellar irá reprisar o papel em Segundas Intenções, nova versão. Ao que consta, ela será uma vilã mais madura, estilo femme fatalle para seduzir um jovem. Aguardemos o desenrolar de mais este capítulo de sua carreira. Boa sorte pra ela!