terça-feira, 26 de maio de 2015

O Buffyverse e seus 7 pecados



Amigos caçadores, vamos falar de pecado? Não, não se trata de nenhuma pregação religiosa ou algo do tipo, não. Este pecado ao qual me referi se traduz dentro do nosso universo explorado aqui no portal.



No dicionário, pecar significa na sua maior concepção cometer algum erro, falta. E nem mesmo algo tão incrível e com um padrão de qualidade mencionável como o Buffyverse, não fica isento disso. Mais precisamente o autor e os roteiristas (os pecadores em questão) entre fatos, personagens ou episódios esquecíveis. 



Quem nunca pensou em sentar e reescrever toda uma situação envolvendo os elementos primordiais dentro do Buffyverse? Eu sim!! O mais curioso da minha visão neste contexto foi que estes “pecados” saltaram aos olhos depois que a turma original de BTVS se separou, provando o quanto foi realmente difícil para os maestros dessa turma levar a toda prova, sem nenhuma ressalva 2 grandes marcos da TV. 

1 Coração cigano 

Com o fim da terceira temporada de BTVS e início de ANGEL, deu-se uma sucessão de equívocos por parte dos autores. O primeiro deles foi de retratar o impacto da vida de Buffy na Faculdade fazendo-a perder sua essência de uma mulher astuta e determinada para uma garota chorosa e submissa. Foi assim que ela se mostrou no breve envolvimento com o mulherengo Parker. 

Em pouco tempo que se separou de Angel - diga-se de passagem seu grande Amor - Buffy surpreendentemente caiu na lábia do rapaz que não havia mostrado nenhum atrativo pessoal além de físico. Bastou um simples olhar de menino carente e sorriso encantador para arrastar a caçadora para sua cama. No dia seguinte, o conquistador nem mesmo esperou esfriar seu lado nos lençóis e já estava lançando o mesmo olhar de menino pidão para outra incauta. Um deslize de Buffy que nem mesmo Spike (ainda sem alma, porém irônico e sensato), não perdoou ao contar a “novidade” para Angel em sua visitinha a Los Angeles.

Buffy e Parker: tentativa e erro

De certo, os roteiristas quiseram inserir Buffy como uma garota normal, e como qualquer outra se sentiu perdida e carente num novo mundo. Mas Buffy não era qualquer uma, certo? Mesmo que tenha tido uma justificativa, para nós fãs, ficou um tremendo mal-estar > raiva > ódio. Fora aquela sensação de que poderiam esperar um pouco mais para mergulhar a caçadora em um relacionamento carnal-afetivo. De resto, já sabemos, as consequências a seguir. Para tentar tapar o buraco do romance mal sucedido com Parker, a inserção meteórica de Riley no coração de Buffy criou uma rejeição entre os fãs. Para alguns, o autor quis mostrar o que Buffy poderia ter com Riley e não poderia ter com Angel. 

Riley e Buffy: amor carnal

Enfim, a meu ver, nada contra o personagem, até bem inserido e construído dentro do contexto da temporada, mas que esteve no lugar errado, na hora errada, no coração errado. 


2 Saída pelos fundos 

Enquanto isso na primeira temporada de ANGEL fomos apresentados a Detetive Kate Lockley, uma jogadora que "atuava ao dia" pelo lado do Bem. A princípio Kate entrou em conflito com Angel justamente por não conhecer o mundo do vampiro que ela como uma Policial comum nem fazia conta de que existia. A ligação de ambos se deu pelo fato de terem a mesma missão só que com armas e conceitos diferentes. Fora a química entre os personagens, que a meu ver, rendeu bem mais do que Angel/Gwen e Angel/Nina. 

A Detetive Kate: peça fundamental na batalha humana 

Um ótimo enredo que poderia ter durado mais se os autores não tivessem “dispensado” a personagem pelas portas dos fundos. Kate sempre foi uma profissional corajosa e boa no que fazia, e embora tenha se perdido no mundo que se mostrou diante dela, não precisava e nem merecia sair como uma completa perdedora, não conseguindo a afeição do Pai e o reconhecimento dos amigos e Chefes de trabalho. Nenhum ato heroico marcou sua despedida. Nenhuma retratação. Pouco para uma personagem que marcou e prometia tanto....

3 Personagens que perderam a essência 

Antes de mais nada, quero deixar claro que sou fã de ambos. Mas é inegável que a força e a essência de cada um se esvaiu com o andamento dos episódios e temporadas. 

Dawn foi criada para ser a irmã mais nova de Buffy e deveria ficar longe das garras da Deusa Glory para o Bem de toda a humanidade. Esta foi a construção da bem sucedida quinta temporada, sendo a garota a parte chave disso tudo. O problema começou quando Buffy se sacrificou no lugar da irmã, que perdeu a sua função de objeto místico e virou uma adolescente comum como tantas outras. A partir da sexta temporada, Dawn teve uma trama fraca e estagnada como uma garota cleptomaníaca. Isso quando era uma das protagonistas, pois na maioria das histórias ficou vagando entre uma trama e outra, apenas mostrando o lado seu que o público mais detestava. De fato, houve alguns bons momentos, mas foram tão raros que nem de longe lembraram o que representou outrora a irmã de Buffy.

Dawn em seu momento garota extraordinária:
um dos raros de toda sua trajetória pós-Chave

O Demônio Lorne foi um dos grandes destaques da segunda temporada de ANGEL. E assim que perdeu seu Caritas na terceira temporada, mudou-se para o Hotel e foi inserido na Fang Gang com sucesso. Seu dons como Demônio empático e sua vasto carisma junto ao público ajudaram a sustenta-lo nesta missão. Contudo, isso não foi o suficiente para impedir que o personagem no fim se tornasse um fracassado, capaz de duvidar de si mesmo e incapaz de usar seu Dom com precisão. 

Lorne em seu último ato: Why???

Aos poucos, ele foi cometendo um erro grave atrás do outro como deixar escapar o malvado Angelus da cela em que esteve preso na quarta temporada. De fato, isso de sucedeu graças a um feitiço de Cordelia/Jasmine, que nublou sua leitura da alma de Angel, mas ainda assim serviu para minar a confiança do Demônio boa praça com o restante da turma. O último foi deixar que Knox (que passou no seu teste vocal) seguisse com seu plano de ressuscitar Illyria eliminando Fred da jogada. Esta foi apenas a parte em que foi relevante, pois durante a trama da quinta temporada ficou isolado do resto do grupo Chefiando um Departamento irrelevante de Entretenimento dentro da Wolfram & Hart. Um dos Demônios clientes da Firma chega até a fazer um comentário sarcástico em relação a isso. Seu companheiro na maioria das vezes era um copo de drinque e poucas piadas já sem impacto algum. 


4 Mortes indesejáveis

A cada 10 fãs de seriados, 11 não ficam satisfeitos com a perda de seus personagens preferidos. E isso não os torna menos fãs que muitos que aceitam. Eu já vejo tudo isso como algo que devemos aceitar sim, mas sem perder aquela sensação do questionamento acerca do propósito para cada morte. No Buffyverse tivemos muitas mortes sentidas e brutais, mas nenhuma delas nem se sequer chegou a arranhar as partidas de Tara na sexta temporada, e de Anya, no final da sétima temporada de BTVS. 

A namorada de Willow foi conquistando seu espaço aos poucos junto aos membros da Scoobygang. Seu jeito meigo, sensível e doce deixou marcas importantes em todos os fãs que choraram em frente à TV depois que a bala do revolver de Warren traspassou seu coração. A perda de Tara atingiu a todos, especialmente o público lésbico, que se identificava demais com a personagem. Na época, os grupos GLS ficaram furiosos com a decisão de Joss de eliminar uma personagem que falava por elas numa época em que existia poucas na TV. E ainda reza a lenda que a atriz Amber Benson também teria se juntado ao grupo nesta revolta. 



Revolta é a palavra que define bem o que todos sentiram quando Anya foi apunhalada (detalhe: pelas costas) pela espada de um dos Mensageiros do Primeiro na Batalha final. A Demônia que aprendeu a amar a humanidade e depois lutar por ela, não teve chances diante de uma decisão do autor em acabar com a sua vida sem sequer ter a chance de se despedir de Xander e dos amigos que aprendeu a gostar. Como nota pessoal, a revolta tornou-se ainda mais intensa ao perceber que personagens detestáveis e que em nada acrescentaram à história conseguiram sobreviver. 

O último momento de Anya:
onde está a consideração?

A trajetória de Anya a fez entrar em nossos corações como um membro da família com seu jeito engraçado e franco de ver a vida humana. A vida que vivemos. Por isso foi tão difícil quebrar o elo tão bem construído pela personagem e doloroso perceber que foi privada de um final feliz.


5 O pior casal

A morte de Tara abriu espaço para mais um equívoco do Buffyverse. O coração partido de Willow teria de ser curado com um novo Amor? A escolhida foi Kennedy, a destemida caçadora em potencial. Se os fãs de Tara ainda estavam revoltados com a perda de sua musa, imagine então o que aconteceu quando viram que Willow rapidamente (e magicamente) se recuperou do grande trauma se entregando aos braços de outra. Nota pessoal: a gota d’água foi o episódio The killer in Me, onde os autores quiseram nos fazer acreditar que Kennedy era uma espécie de Príncipe Encantado da bruxa, uma alma gêmea capaz de com um beijo acabar com a maldição lançada por Amy. 

Kennedy e Willow: separadas eram
formidáveis, juntas, dispensáveis

O problema de Kennedy/Willow foi o mesmo de Riley/Buffy. A rapidez com que se deu as relações. No caso do primeiro então um pouquinho pior, pois foi inaceitável crer que Willow depois de quase destruir o mundo por conta da perda de Tara, tenha se deixado levar pelas investidas bem orquestradas da potencial num tempo em que a Batalha final se aproximava. No mínimo, a prioridade neste caso seria outra.

6 Relação quase incestuosa 

Tudo bem que eles não tinham nenhum parentesco sanguíneo, mas desde o início Cordelia e Connor foram unidos por um sentimento maternal por parte da amiga de Angel. Foi ela quem fez o papel de mãe do menino ainda bebê ajudando Angel a se adaptar com a nova realidade. Quando Connor foi levado por Holtz a uma outra Dimensão, Cordelia não estava presente, mas sua presença ao lado de Angel e suas palavras de carinho após o fatídico momento, marcaram bem mais. A reviravolta na história de Cordelia ganhou ainda mais forma quando Connor retornou já adolescente e com um vasto ódio pelo Pai. Quando soube que Angel amava Cordelia, cresceu os olhos pra cima da até então "mamãe adotiva", e uma série de acontecimentos o levou a uma noite de Amor que gerou uma semente do Mal chamada Jasmine.

Connor e Cordelia: incesto moral

A gravidez de Cordelia foi inserida juntamente com a gravidez da atriz e reza a lenda que Joss teria ficado furioso com o fato, transformando a mais importante aliada de Angel em uma vilã na quarta temporada. Cordelia sempre foi uma personagem controversa junto aos fãs de BTVS, mas em ANGEL ela alcançou o seu espaço e uma legião de fãs mais amáveis que ficaram furiosos ao ver que seus atos heroicos foram minimizados com sua nova situação na trama. Nem mesmo sua participação linda e emocionante na quinta temporada desfez esta imagem. 

Cordelia Vilã: vingança de Joss


7 Uma última temporada sem o mesmo padrão

Ao contrário da última temporada de ANGEL, que trouxe uma história mais sombria, linear e coesa, BTVS não possuiu a mesma desenvoltura das temporadas anteriores. Depois de um começo arrasador ditando a espinha dorsal de toda a trama ao nos apresentar de cara o vilão, a temporada caiu no marasmo de episódios mornos e insípidos ao retratar a Nova Era do Sunnydale High. Assim ótimos personagens construídos a duras penas durante 6 anos regrediram ao estado de colegial. Foi o caso de Willow, que teve a maior trajetória do seriado até então. A bruxa que quase havia destruído o mundo anteriormente, tomou os mesmos trejeitos da garota tímida e insegura das primeiras temporadas. 

Willow e Spike: de extraordinários a simples ajudantes

Spike e Anya foram outros exemplos de belos espécimes desperdiçados na última temporada. O vampiro de personalidade magnética não passou de esteio como ombro para Buffy se confortar e acender uma legião de fãs do casal Spuffy e a ex-noiva de Xander foi obrigada a regressar sem sucesso no ramo da vingança. Depois de salva por Buffy, que anteriormente queria matá-la (WTF???), ela retorna à turma como uma peça de cristal que depois de quebrada, não tem o mesmo valor. Além disso a inserção de personagens chatos e que nada acrescentaram a Scoobygang só não deixaram a desejar mais que o Vilão, apresentado nos episódios finais apenas como um recipiente da força do The First. Até chegar a Chosen, muita coisa ficou pelo caminho naquela que poderia ter sido a mais memorável temporada de BTVS. 


Pecar por realização é bem diferente e mais perdoável do que pecar por omissão. Neste ponto tanto autor quanto os roteiristas do Buffyverse podem se considerar absolvidos, afinal, nunca foi fácil agradar a todos, principalmente aos fãs e neste caso, críticos, mais exigentes. Em suma, para nós fãs, não importa o número de pecados que tenham cometido a frente de um projeto tão difícil e ao mesmo tempo tão gratificante. Basta apenas multiplicar 70 vezes 7 (na linguagem bíblica quer dizer infinito) o tamanho da paixão que temos por este maravilhoso universo. 

5 comentários:

  1. Esses ´´pecados'' realmente trouxeram prejuízo à audiência das nossas series favoritas. Em Angel, a Kate deveria entregar seu distintivo de policial e juntar-se à Fang Gang; Quando Riley entrou na serie, eu pensei que ele seria co-protagonista junto à caçadora, uma parceria que poderia dar certo, mas voltaram atrás e o tiraram do elenco.

    O que posso ter percebido por Buffy, é que pelo fato de se ter estendido mais duas temporadas, os roteiristas não estavam prontos para essa surpresa, e por isso devem ter feito às pressas o enredo, prejudicando em seu capricho!

    E em Angel, teve também tropeçadas, em exclusivo com a Cordélia (matando-a). Ela tinha que ficar até o ultimo ep. da serie.

    Boa detecção desses pecados de roteiro Flávia!

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    1. Valeu William!

      Nenhuma série é perfeita, a não ser para os fãs mais ardorosos e eu devo confessar que há bem pouco tempo, não conseguia enxergar estes pecados do Buffyverse. Só depois que agucei meu lado mais crítico, vi que muita coisa poderia ter sido melhor.

      Buffy realmente foi melhor nas 5 primeiras temporadas, depois deu uma caída, o que é normal. Sobre Cordelia...eu queria ela em Chosen e Not a fade Away. A gravidez da Charisma acabou com os planos.

      Ainda assim o saldo do Buffyverse é muito mais positivo que negativo, né?

      Abraços

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  2. Verdade, esses erros estragaram as series. Se não tivesse feito essas adpatações, talvez a audiencia aumentasse mais. Essa 7 temporada de Buffy apesar de saturadas ainda dava pra explorar mais coisas, assim como fazem com a serie supernatural que dura até hoje e já na 10 temporada se nao me engano.

    Achei muito fofo o casal Buffy e Parker, que é muito lindo, pena que ele deu uma de cafajeste

    E também acho que Willow e Kennedy foi um casal sem sal. Parabens pelo achado!

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    1. Valeu Helen, vc é uma das poucas que gosta de Buffy e Parker e uma das muitas que detestam Willow e Kennedy kkkk

      Eu até entendo que todos os pecados são justificáveis sim, mas não deixam de ser pecados, o que foi a tônica do post.

      Abraços

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  3. A Detetive Kate saiu porque a atriz pediu, após receber outra oferta de trabalho.

    Em relação a Anya, pelo que eu soube também foi a atriz que pediu para sair. Após a UPN "comprar" Buffy a Sarah aceitou voltar porque seriam só mais duas temporadas, mas no meio da sétima pensarem em renovar para uma oitava a ela não quis renovar o contrato. Aí como a Anya ia ser tirada da série naquela temporada mesmo Joss resolveu mata-la.

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