domingo, 10 de maio de 2015

[Mortos pela Morte] Joyce Summers: o corpo modelo de uma heroína sem poderes



Nunca foi fácil para ela. Uma mãe divorciada ter de lidar com a indiferença do Pai de sua filha e os problemas que a mesma sempre trazia para casa devido à natureza de sua missão. Mas Joyce Summers sempre conseguiu equilibrar com muita garra, inteligência e dedicação todas suas funções como mãe. Disso Buffy Summers nunca pôde reclamar. Nos momentos que mais precisou de um “poder humano” sua fonte nunca a decepcionou, mesmo naqueles momentos em que a sintonia entre ambas deixava transparecer todas as agruras de uma relação mãe e filha. 



Quem não se lembra do momento “Deixa minha filha e Paz!” em que acertou a cabeça de Spike, recém chegado à cidade e com o cartão Mãe do Ano de boas-vindas? Era a síntese mais que perfeita dessa relação, de altos e baixos, Amor e revolta, tapas e beijos e por que não dizer empurrões, se formos até Becoming (season finale da segunda temporada) quando a mãe tenta fazer a cabeça da filha para que se “demita” da missão de Salvadora do mundo. 

Essa relação sempre foi típica e mais próxima da realidade possível de uma mãe para com sua filha. Erros e imperfeições sucumbindo a muita paciência, carinho e zelo de uma para com a outra. Elas eram diferentes, mas sempre voltadas a um único objetivo. Uma defender a outra com todas as armas que tinham em mãos. 


Tanta luta acabou cobrando seu preço na quinta temporada de BTVS. Incessantes dores de cabeça derrubaram a rocha do mundo “normal” de Buffy, forçando a caçadora a pensar em algo sobrenatural para tentar salvar a vida de sua querida mãe. O mundo em que Buffy estava sempre envolvida agora teria de trabalhar para ela. No entanto, um duro golpe acometeu os planos de quem até aquele momento se sentia inatingível por ter sempre alguém afável pra quem voltar para casa depois de Monstros, vampiros e tudo que a Boca do Inferno proporcionava em seu dia-a-dia. A caçadora se vê impotente diante de um problema que permeia o mundo de pobres mortais em todos os cantos, todos os dias. Joyce estava doente. Um tumor cerebral ceifaria a vida de uma guerreira do Buffyverse. 


Hospitais, médicos e exames passaram a dividir a atenção de Buffy, tornando a cruz que lhe foi dada na temporada um pouco mais pesada. Além de proteger uma irmã mais nova das garras de um Deus infernal, cuidar de um namorado que se sentia inferior a ela, evitar que seus amigos sejam mortos pelas armadilhas da cidade e lidar com o imponente e prepotente Conselho de Sentinelas, a vida de sua mãe estava em jogo e talvez esta fosse a única batalha que entraria para lutar sem a certeza de vitória. Mas ela venceu. A operação de Joyce fora um sucesso, e sua recuperação estava indo de vento em popa até subitamente seu coração parar de bater quando curiosamente deixou aflorar através dele seu lado mulher.

Joyce em dois decisivos tempos: viva e radiante como
mulher e depois no close mais doloroso do seriado

Com a saúde reabilitada, Joyce procurou viver o que não viveu nos últimos anos. Assim ela marcou em encontro com um homem que conheceu na Galeria onde trabalhava. A mamãe se apresentou para as filhas como a bela mulher jovial que ainda era e sob os olhares críticos e melodiosos de Buffy e Dawn partiu para viver o último encontro de sua jornada enquanto Buffy teria de lidar com as confusões que Warren havia aprontado com uma namorada que o mesmo criou para amá-lo cegamente. Terminada a missão era a hora de voltar para casa como sempre e se aconchegar no seio que costumava fazê-lo, mas só encontrou resquícios como um buquê de flores anunciando como fora satisfatória a noite de sua mãe. E como toda filha curiosa neste ponto, Buffy quis saber de tudo que a teria feito mais feliz. Porém não houve tempo. Não havia mais tempo para Joyce, que tombou no sofá de sua sala vítima de um coágulo como efeito colateral da operação. 

A curiosidade de Buffy transformou-se numa tristeza dilacerante

Para tentar superar o choque, o mundo que agora lhe faltava abaixo de seus pés, Buffy contou com aliados importantes. A família que com os valores ensinados por sua mãe aprendeu a expandir. Giles, seu mentor mais próximo de um Pai; Xander, o ombro que nunca lhe faltou; Anya e suas dúvidas perante a morte humana; Tara e sua experiência vivida com o mesmo momento; Willow e sua insegurança aflita e Angel, com seu Amor eterno e incondicional. Todos unidos para levar um pouco de conforto a caçadora neste momento em que seus poderes tornaram-se dispensáveis diante da morte de Joyce, que mexeu com todas as emoções, afinal, ela sempre foi um pouco mãe de todos que rodeavam a caça-vampiros, incluindo os que conhecidamente não pertenciam a este mundo como Dawn.

A família de Buffy no momento mais doloroso de sua existência

Fato é que tanto Buffy quanto nós nunca iremos saber o que realmente houve nos momentos agradáveis em que Joyce, o corpo modelo de uma heroína sem poderes do Buffyverse, compartilhou com o seu par em sua derradeira noite. O segundo fato dessa história é que temos a certeza de que ela ficará para sempre nos corações de todos os fãs que miraram em sua forte presença maternal. 



A todos que assim veem, um Feliz Dia das Mães e que a força imortal da mãe mais icônica do Buffyverse esteja sempre em nossas famílias! 

4 comentários:

  1. Joyce é um modelo de mãe zelosa com sua cria, independente da idade. Até hoje me recordo da conversa de mãe coruja com Buffy no carro, no primeiro dia de aula dela no colegio sunnydale; e quando ela mobilizou os pais para protegerem seus filhos da boca do inferno em um plano preparado pelo prefeito. Uma pena que tenha saido da serie antes do tempo.

    Que belo texto Flavia, que combinou mesmo com o dia das mães.

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    1. Obrigada Helen sempre se colocando como uma das grandes fãs deste universo e do Portal. São pequenas cenas como essa, gestos que tornam inesquecíveis estas relações entre os humanos ou não do Buffyverse.

      Valeu mais uma vez pelo seu comentário!

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  2. A partir da terceira temporada e antes da sua morte na quinta temporada, eu já não estava contente com as participações da Joyce na serie, pois ela (apesar da preocupação normal de mãe) estava como um estorvo perante Buffy, mas eu queria que ela tivesse um final melhor, tipo retornar o romance com o Giles e ir com ele para Londres. Concorda também Flávia?

    Um feliz dia das mães atrasado à todas as mães que acompanha o portal!

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    1. Desculpe ter enxergado apenas agora a seu comentário William, mas vamos lá.

      Muitas pessoas pensam como você, acreditando que o papel de Joyce na vida de Buffy perdeu um pouco a função. Alguns também pensam que ela se tornou aquele tipo de "mãe mala". Mas eu vejo que assim como Giles e Xander, ela não teve uma boa trama na quarta temporada. Até a terceira, achei boa a participação dela, ora ajudando, ora antagonizando com Buffy, mas cumprindo bem o seu papel de mãe. Na quarta temporada é que seu papel realmente se diluiu e segundo algumas fontes, a própria atriz já não estava mais satisfeita com os rumos de sua personagem, pois pouco acrescentava ao seriado. Se me lembro bem, a única boa participação que teve nesta temporada, foi quando foi capturada por Faith naquela troca com Buffy. De resto, nada acrescentou.

      Já a partir da quinta temporada, ela voltou a crescer, mas sinceramente não sei se foi devido a algumas queixas dela que Joss resolveu encerrar a participação da personagem com a morte. A gente sabe que o Joss é um pouco vingativo neste sentido né? kkkkk

      E concordo com o ponto de que ela deveria ficar com Giles, já que sempre ficava a margem em questões amorosas assim como ele.

      Bem, é esta a minha avaliação querido, e me desculpe por demorar tanto a te responder, é que não tinha visto o comentário. Abraços

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